ABSTRACT
A enfermagem brasileira é marcada pela divisão social dos seus profissionais (enfermeiros, técnicos e auxiliares), 85% são do sexo feminino, portanto o gênero se destaca no perfil do corpo trabalhador e nas demandas políticas da categoria, principalmente sob o cenário de uma crise de saúde pública, como a Pandemia de Covid-19. Com isso, essa pesquisa possui o objetivo de apresentar as mulheres profissionais de enfermagem que atuaram na assistência no 2º ano da pandemia de Covid-19 no Brasil, e suas percepções sobre a profissão. É um estudo qualitativo realizado através de questionários respondidos por 100 mulheres de forma virtual. A amostra é de uma maioria de enfermeiras, brancas, casadas ou em união estável, com faixa etária entre 20 e 40 anos, com filhos, da região sudeste, atuando em instituições públicas e com apenas um vínculo empregatício. Ao comparar o 1º e 2º ano de pandemia, 41% declaram uma piora devido ao relaxamento das medidas de proteção pela população e pelos profissionais. 36% declaram melhora associada à organização efetiva da assistência. Para a pergunta "O que é enfermagem para você?" foram recorrentes as falas que descreveram um compromisso que supera a condição profissional. A pandemia trouxe para o debate civil a importância do cuidado em saúde diante do enfrentamento dessa nova doença que aprofundou os abismos sociais existentes no país. Esse cenário pode ter provocado a necessidade da adesão de uma visão mais sentimentalista para a descrição da profissão como estratégia para resiliência emocional frente ao sofrimento.
Brazilian nursing is marked by the social division of its professionals (nurses, technicians and assistants), 85% of whom are female, therefore gender stands out in the profile of the working body and in the political demands of the category, especially under the scenario of a public health crisis, such as the Covid-19 Pandemic. Thus, this research aims to present the female nursing professionals who worked in care in the 2nd year of the Covid-19 pandemic in Brazil, and their perceptions about the profession. It is a qualitative study carried out through questionnaires answered virtually by 100 women. The sample is made up of a majority of white nurses, married or in a stable union, aged between 20 and 40 years old, with children, from the southeast region, working in public institutions and with a single employment contract. When comparing the 1st and 2nd year of the pandemic, 41% declare a worsening due to the relaxation of protective measures by the population and professionals. 36% declare improvement associated with the effective organization of care. For the question "What is nursing for you?", there were recurring statements that described a commitment that goes beyond professional status. The pandemic brought to the civil debate the importance of health care in facing this new disease that has deepened the social abysses existing in the country. This scenario may have provoked the need to adopt a more sentimentalist view to describe the profession as a strategy for emotional resilience in the face of suffering.